Não sei seus nomes. Não sei suas idades. Sei que, impreterivelmente, todas as manhãs, passam rumo ao sul e, meia hora depois, retornam ao encontro do norte.
Sempre o mesmo trajeto. A mesma calçada. A mesma postura alquebrada dos dois. Ele se apoiando a ela, pois se parece mais idoso.
Seguem sempre em silêncio. Indiferentes com os que passam, com os carros da avenida, com os moradores dos prédios que se estendem ao longo do caminho.
Quantos anos terão? Deduzo uns oitenta ele, uns cinco a menos ela. Estão em forma: nem obesos, nem magros.
Pois da janela do local onde trabalho observo-os há dias seguidos. Ela parece mais conservada, ele mais cansado.
Cadenciam os mesmos passos numa sincronia perfeita: braços entre braços.
Não devem morar longe daqui. Quando estão indo suas fisionomias transmitem o desejo de percorrer caminhos, quando retornam estão ofegantes, suor pelas faces. Transportam uma espécie de tristeza sem expectativas. Parecem querer chegar.
Mas no fundo, no fundo, transmitem a sensação de um casal realizado, sem se livrarem da tristeza, da ofegância, da ausência de alternativas, das faces enrugadas e de um passado bem vivido.
São coisas do tempo. Quanto já não terão conversado! Certamente, amado muito! Não é para qualquer um chegar aos oitenta, numa paz de espírito assim!
Não sei seus nomes, nem buscarei saber. São os meus simpáticos velhinhos que todas as manhãs passam cumprindo essa rotina diária.
De uma coisa tenho certeza: quero que continuem passando ali, durante ainda muitos anos, mas sei que as previsões não são longas.
O cabelo feito rabo de cavalo já todo branco dele, se identifica com o dela, que por não receber tintas, também não suportou o trabalho dos anos.
Tenho a impressão que aboliram as conversas. Comunicam-se mentalmente e por olhares, alguns afagos de mãos.
Ei-los passando!
Estão retornando para o norte.
Sempre o mesmo trajeto. A mesma calçada. A mesma postura alquebrada dos dois. Ele se apoiando a ela, pois se parece mais idoso.
Seguem sempre em silêncio. Indiferentes com os que passam, com os carros da avenida, com os moradores dos prédios que se estendem ao longo do caminho.
Quantos anos terão? Deduzo uns oitenta ele, uns cinco a menos ela. Estão em forma: nem obesos, nem magros.
Pois da janela do local onde trabalho observo-os há dias seguidos. Ela parece mais conservada, ele mais cansado.
Cadenciam os mesmos passos numa sincronia perfeita: braços entre braços.
Não devem morar longe daqui. Quando estão indo suas fisionomias transmitem o desejo de percorrer caminhos, quando retornam estão ofegantes, suor pelas faces. Transportam uma espécie de tristeza sem expectativas. Parecem querer chegar.
Mas no fundo, no fundo, transmitem a sensação de um casal realizado, sem se livrarem da tristeza, da ofegância, da ausência de alternativas, das faces enrugadas e de um passado bem vivido.
São coisas do tempo. Quanto já não terão conversado! Certamente, amado muito! Não é para qualquer um chegar aos oitenta, numa paz de espírito assim!
Não sei seus nomes, nem buscarei saber. São os meus simpáticos velhinhos que todas as manhãs passam cumprindo essa rotina diária.
De uma coisa tenho certeza: quero que continuem passando ali, durante ainda muitos anos, mas sei que as previsões não são longas.
O cabelo feito rabo de cavalo já todo branco dele, se identifica com o dela, que por não receber tintas, também não suportou o trabalho dos anos.
Tenho a impressão que aboliram as conversas. Comunicam-se mentalmente e por olhares, alguns afagos de mãos.
Ei-los passando!
Estão retornando para o norte.